Os rios, os lagos e o mar sempre foram os cenários da vida de quem ama pescar. Mas, segundo Joel Alves, o que antes era previsível agora se tornou desafio: as mudanças climáticas estão alterando o comportamento dos peixes, a temperatura das águas e até o ciclo das marés. A natureza está em alerta, e quem vive dela também precisa se adaptar para proteger o que ainda temos.
Neste artigo traremos um pouco das causas e consequências que se tem na pesca com as mudanças climáticas e como o pescador pode se adaptar a elas.
A relação entre o clima e o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos
O equilíbrio dos rios e oceanos depende diretamente do clima. A temperatura da água, o volume de chuvas e as correntes marítimas determinam onde e como os peixes se alimentam, se reproduzem e migram, com as mudanças climáticas globais, esses fatores estão sendo profundamente afetados, expõe Joel Alves.
Estudos apontam que o aumento da temperatura média das águas provoca migração de espécies, fazendo com que muitos peixes deixem regiões tradicionais de pesca em busca de ambientes mais frios e ricos em oxigênio. Além disso, a diminuição das chuvas em algumas regiões e o excesso em outras comprometem a qualidade da água e reduzem o número de habitats adequados.
Esse desequilíbrio é perceptível no dia a dia, visto que quem vive no rio sente a mudança. As águas sobem fora de época, os cardumes demoram mais e o tempo parece ter perdido o compasso.
Impactos diretos na pesca artesanal e esportiva
As alterações climáticas atingem tanto a pesca artesanal, que sustenta comunidades ribeirinhas, quanto a pesca esportiva, voltada ao turismo e lazer. Na prática, isso significa menor previsibilidade das temporadas, redução de espécies e dificuldade na reprodução dos peixes.

Peixes sensíveis à temperatura, como o tucunaré, o dourado e o robalo, são diretamente afetados, as mudanças bruscas na temperatura da água alteram seus hábitos de alimentação, tornando a pesca mais difícil. Além disso, a escassez de oxigênio em águas mais quentes pode levar à mortandade de espécies em determinadas épocas do ano. Joel Alves explica que o pescador precisa estar atento às novas condições, pois o bom pescador hoje é também um observador do clima. Quem não entende a natureza, perde o melhor que ela tem a oferecer.
A importância da consciência ambiental
Mais do que nunca, é essencial unir pesca e preservação. O aumento das queimadas, o desmatamento e a poluição dos rios aceleram os efeitos das mudanças climáticas e comprometem o equilíbrio das águas. Sem vegetação nas margens, por exemplo, o solo esquenta e o rio perde capacidade de regeneração.
A solução passa por uma mudança de comportamento, tanto dos pescadores quanto das comunidades e autoridades, ressalta Joel Alves, práticas como o reflorestamento de matas ciliares, o controle de resíduos e a fiscalização de atividades ilegais são medidas fundamentais para garantir a sobrevivência das espécies. Ao preservar o ambiente é garantido o futuro da pesca. Sem rio limpo, não existe peixe, e sem peixe, não existe pescador.
Adaptação e novas formas de pescar
A realidade climática exige também adaptação nas técnicas e temporadas de pesca. Muitos pescadores têm optado por explorar novos horários, locais e espécies menos afetadas pelas mudanças. A pesca sustentável e o pesque e solte ganham ainda mais importância, reduzindo a pressão sobre as populações de peixes em recuperação.
Além disso, tecnologias como sondas, sensores e aplicativos de monitoramento climático ajudam a planejar viagens e identificar os melhores momentos para a pescaria, sem agredir o ambiente. Essas inovações unem tradição e modernidade, algo que, como considera Joel Alves, é o caminho do futuro, já que o pescador de hoje tem que ser moderno na técnica e antigo no coração, usar a tecnologia, mas sem esquecer o respeito que o rio merece.
O papel da educação e das políticas públicas
Para combater os efeitos das mudanças climáticas, é preciso investir em educação ambiental e políticas públicas de conservação. O diálogo entre governos, pesquisadores e comunidades pesqueiras é essencial para desenvolver estratégias que protejam os ecossistemas e promovam o uso sustentável dos recursos hídricos.
O período de defeso, por exemplo, é uma das ferramentas mais importantes de proteção, garantindo o ciclo reprodutivo das espécies. Respeitá-lo é uma forma de equilibrar o impacto humano e permitir que a natureza se regenere.
As mudanças climáticas são uma realidade que desafia o pescador moderno a repensar suas práticas e a reforçar seu compromisso com a natureza. A pesca, que sempre foi símbolo de paciência e harmonia com o meio ambiente, agora também precisa ser exemplo de consciência e cuidado. Como resume Joel Alves, o futuro da pesca depende das escolhas de hoje, se quisermos continuar contando histórias às margens do rio, precisamos cuidar para que o rio continue contando as suas.
Autor: Eduard Zhuravlev

